MARINELE FRANCO DE CARVALHO
Neste artigo, vamos explorar a importância da Comunicação Não-Violenta (CNV) no ambiente corporativo.
A CNV é uma abordagem desenvolvida pelo psicólogo Marshall Rosenberg, que visa promover a empatia, a compreensão mútua e a resolução pacífica de conflitos. No ambiente corporativo, onde a interação entre indivíduos de diferentes personalidades, crenças e culturas é constante, a CNV se destaca como uma ferramenta poderosa para melhorar a qualidade das relações, garantir a responsabilidade pelas entregas e criar um ambiente de trabalho com segurança psicológica.
Contudo, muitas vezes as interações são marcadas por mal-entendidos, críticas destrutivas e conflitos que poderiam ser evitados. A CNV propõe um método para transformar essas interações, focando em quatro componentes principais:
- Observação,
- Sentimento,
- Necessidade e
- Pedido.
A necessidade de observação
O primeiro componente, a observação, envolve descrever o que está acontecendo de forma objetiva, sem julgar ou interpretar. O que significa relatar fatos, ações ou comportamentos de maneira neutra. Por exemplo, em vez de dizer “Você sempre chega atrasado”, uma observação baseada na CNV seria “Notei que você chegou às 10h nos últimos três dias”. Ao adotar essa abordagem, evitam-se julgamentos que podem gerar defensividade e resistência, abrindo espaço para uma comunicação mais construtiva.
Observações são os fatos, as ações, o que houve. Elas não carregam julgamento, diagnóstico ou interpretação alguma. É a descrição factual das ações. Observações questionam:
- que aconteceu exatamente?
- Quais são os fatos que têm relação com essa situação?
Sobre os sentimentos
O segundo componente é o sentimento. Na CNV, é importante expressar como nos sentimos em relação ao que observamos. No contexto corporativo, isso pode ser desafiador, pois muitas vezes as emoções são vistas como algo que deve ser deixado de lado. No entanto, reconhecer e expressar sentimentos de maneira adequada pode ajudar a esclarecer as motivações por trás das ações e promover a empatia. Por exemplo, ao invés de dizer “Isso é inaceitável”, pode-se expressar algo como “Fico frustrado quando você chega atrasado porque afeta o andamento do nosso trabalho”. Essa forma de expressão humaniza a comunicação e facilita o entendimento mútuo.
Quando nos responsabilizamos por nossos sentimentos e entendemos que não somos vítimas das pessoas, adquirimos maior consciência de nossos sentimentos e conseguimos nos expressar com autenticidade. Aqui, o questionamento é:
- O que você sentiu ou como está se sentindo diante dessa situação?
Sobre as necessidades
O terceiro componente da CNV é a necessidade. Aqui, a ideia é identificar as necessidades subjacentes que estão por trás dos sentimentos expressos. As necessidades podem variar desde a necessidade de respeito, clareza e reconhecimento, até a necessidade de colaboração. Ao expressar essas necessidades de maneira clara, os interlocutores conseguem compreender melhor a raiz do problema e buscar soluções que atendam a todas as partes envolvidas. Por exemplo, “Quando você chega atrasado, minha necessidade de cumprir prazos fica comprometida” é uma forma de expor as necessidades sem atribuir culpa, o que favorece um diálogo mais produtivo.
O terceiro componente da CNV questiona:
- Do que você precisa?
- Quais necessidades suas não foram atendidas nessa situação?
Sobre os pedidos
O último componente da CNV é o pedido. Depois de observar, expressar sentimentos e identificar necessidades, é hora de fazer um pedido concreto e específico que possa contribuir para a resolução do problema. Isso significa pedir mudanças no comportamento ou nas práticas de maneira clara e realizável. Um pedido adequado seria: “Gostaria que pudéssemos discutir maneiras de garantir que todos cheguem no horário, para que possamos cumprir nossos prazos”. Esse tipo de pedido é positivo e focado na solução, ao invés de se concentrar no problema ou no erro.
A diferenciação entre pedidos e exigências é fator preponderante. Mesmo quando estamos pedindo por algo, devemos considerar os sentimentos do outro e buscar por estratégias que estejam alinhadas com as necessidades de ambos. Assim quaestionamos\;
- Que pedido você faria a essa pessoa?
- Dá para tornar esse pedido mais específico?
- Há outras estratégias possíveis?
Enfim, a CNV no ambiente corporativo!
A prática da Comunicação Não-Violenta no ambiente corporativo pode trazer inúmeros benefícios. Primeiramente, a CNV promove uma cultura de respeito e empatia, onde os colaboradores se sentem ouvidos e valorizados. Isso pode levar a uma melhoria do clima de trabalho e nas relações interpessoais, reduzindo o turnover e contribuindo para uma gestão de conflitos saudável.
Outro benefício significativo da CNV no ambiente corporativo é a melhoria do engajamento na busca dos resultados. Quando a comunicação é clara, respeitosa e focada em soluções, as equipes conseguem trabalhar de forma mais eficaz e coordenada. A CNV também pode contribuir para uma tomada de decisões mais inclusiva e assertiva, onde todas as vozes são ouvidas e consideradas. Isso pode resultar em melhores resultados e em uma maior adesão aos planos e estratégias estabelecidos.
Além disso, a CNV pode desempenhar um papel crucial na liderança coorporativa. Líderes que adotam a CNV são conscientes de como utilizam o poder e como influenciam as pessoas e equipes. Eles estão mais bem equipados para lidar com conversas difíceis, gerir crises, atuar em ambientes complexos e engajar e desenvolver seus colaboradores.
Implementar a CNV no ambiente corporativo requer um compromisso com a mudança cultural e comportamental. Para isso, as empresas podem investir em treinamentos e workshops de CNV, onde os colaboradores aprendem as técnicas e princípios básicos dessa abordagem. Além disso, é importante que a liderança esteja alinhada com os princípios da CNV e que sirva de exemplo para os demais colaboradores.
As empresas também podem criar espaços seguros onde os colaboradores possam praticar a CNV, seja em reuniões de equipe, sessões de feedback ou em programas de coachings e mentorias. Esses espaços devem ser vistos como oportunidades para aprender e crescer, e não como arenas de julgamento ou competição. Ao promover uma cultura onde a CNV é valorizada, as relações interpessoais, em todos os níveis hierárquicos, tornam-se confiáveis e produtivas.
É importante lembrar que a CNV não é apenas uma técnica, mas uma mudança de mentalidade. Trata-se de cultivar a empatia, a escuta ativa e o respeito mútuo em todas as interações. Isso pode exigir tempo e esforço, mas os resultados podem ser profundamente transformadores para o ambiente de trabalho e para a vida dos colaboradores.
Em conclusão, a Comunicação Não-Violenta é uma abordagem poderosa e eficaz para melhorar as relações no ambiente corporativo. Ao focar na observação objetiva, na expressão de sentimentos, na identificação de necessidades e na formulação de pedidos claros, a CNV promove um ambiente de trabalho mais colaborativo, produtivo e saudável. Empresas que adotam a CNV não apenas melhoram sua comunicação interna, mas também criam uma cultura organizacional baseada no respeito, na empatia e na resolução pacífica de conflitos, constroem equipes de alta performance, desenvolvem líderes mais humanizados e, em última análise, alcançam maior sucesso organizacional.
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